Em outubro, as famílias portuguesas com créditos à habitação em regime de taxa variável poderão beneficiar de uma significativa redução na prestação mensal. De acordo com as previsões, quem tiver um empréstimo de 150 mil euros a 30 anos verá os encargos mensais diminuir em até 100 euros, refletindo a descida das taxas Euribor. Este alívio no orçamento familiar é o resultado direto da política monetária do Banco Central Europeu (BCE), que tem vindo a reduzir as taxas de juro em resposta à redução das pressões inflacionistas. A queda constante da Euribor, que serve de base para o cálculo da maioria dos créditos à habitação em Portugal, promete continuar a aliviar as prestações nos próximos meses.

O impacto da Euribor no crédito à habitação

A Euribor é uma taxa de referência usada pelos bancos para calcular os juros aplicáveis aos créditos à habitação de taxa variável. As suas variações têm um impacto direto nas prestações mensais, sendo que, quando a Euribor desce, as famílias beneficiam de uma redução nos encargos com o seu empréstimo. Esta taxa é calculada diariamente para diferentes prazos, como três, seis e 12 meses, e a escolha do prazo influencia a frequência com que a taxa é revista no contrato de crédito.

Em Portugal, a maioria dos contratos de crédito à habitação está indexada à Euribor a seis meses, seguida da Euribor a 12 e a três meses. A descida atual da Euribor reflete-se em alívios mensais substanciais para os titulares de créditos, após um período de subidas acentuadas nos últimos anos.

Simulações: Quanto pode descer a prestação da casa?

As simulações para um empréstimo de 150 mil euros a 30 anos mostram que, dependendo do prazo da Euribor associada ao contrato, a redução na prestação pode variar:

Euribor a três meses: A prestação mensal desce para 754,78 euros, representando uma poupança de 25,43 euros (-3,26%) em relação aos meses anteriores.
Euribor a seis meses: A prestação cai para 739,23 euros, uma descida de 56,4 euros (-7,09%) face à prestação paga desde abril.
Euribor a 12 meses: A redução é ainda mais significativa, com a prestação a cair para 711,46 euros, menos 107,49 euros (-13,13%) em comparação com o último ano.
Estas variações resultam do ajuste periódico das taxas de juro aplicáveis ao crédito à habitação, o que torna a monitorização da Euribor essencial para quem tem empréstimos de taxa variável.

A política monetária e a redução das taxas de juro

A política monetária do BCE desempenha um papel fundamental na evolução da Euribor. Nos últimos meses, o BCE tem vindo a reduzir gradualmente as suas taxas de juro diretoras, com o objetivo de estimular a economia e combater os efeitos da crise inflacionária. Em setembro, o BCE cortou as taxas de juro pela segunda vez no espaço de três meses, em resposta à desaceleração da inflação na Zona Euro.

Esta política de redução de taxas reflete o esforço do BCE em estabilizar a economia europeia, após um período de forte aperto monetário. O Banco de Portugal também reconheceu o sucesso desta abordagem, com o governador Mário Centeno a afirmar que a batalha contra a inflação foi vencida. Este contexto favorece a continuação da descida da Euribor, beneficiando quem tem crédito à habitação.

Perspetivas para os próximos meses

A expectativa dos analistas é de que a Euribor continue a descer nos próximos meses, proporcionando uma maior folga financeira para as famílias portuguesas. Com a pressão inflacionista controlada, o BCE deverá manter a sua política de cortes nas taxas de juro, o que contribuirá para a redução dos encargos com os créditos à habitação.

Este é o momento ideal para os titulares de créditos à habitação acompanharem as variações da Euribor e avaliarem o impacto no seu orçamento. A possibilidade de renegociar condições de crédito com os bancos, à luz destas descidas, pode permitir aos consumidores garantir prestações mais ajustadas à sua capacidade financeira.